Compostas em 1873, as Variações surtiram um grande efeito na carreira do compositor romântico Johannes Brahms, tanto por ter consagrado seu nome no gênero, quanto por ter preparado o caminho para uma de suas obras primas: a Sinfonia nº 1 em dó menor. Brahms estava muito relutante em se aventurar na composição de uma sinfonia devido ao peso da responsabilidade em continuar com a tradição de um gênero cuja última grande referência havia sido a 9ª de Beethoven (1770 – 1827).
O tema que foi utilizado por Brahms provém de uma peça para grupo de sopros chamada Coral de Santo Antônio, cuja autoria fora atribuída, primeiramente, a Joseph Haydn (1732 – 1809), um dos pilares do classicismo juntamente com Mozart (1756 – 1791) e Beethoven. Porém, alguns estudiosos constataram que o estilo empregado nessa peça não corresponde ao utilizado por Haydn, o que compromete seriamente a veracidade de sua autoria. Devido a isso, alguns preferem chamá-las apenas de Variações Santo Antônio, pois independentemente de quem tenha composto o tema, ele possivelmente pertence a algum hino ou melodia utilizada em ocasiões religiosas como missas ou festividades endereçadas ao santo.
A forma da obra é tema e variações: um tema principal é apresentado e, em seguida, submetido a variações – oito ao todo mais o Finale. Cada variação traz ao ouvinte uma sensação diferente em relação à ambiência criada por Brahms através da orquestração. É interessante notar que, embora sejam baseadas em uma mesma melodia, as variações causam sempre o impacto de uma nova música, surpreendendo constantemente nossa audição. Na coda do “Finale” que encerra a obra, Brahms faz referência a uma passagem que realmente pertence a Haydn, mais especificamente do segundo movimento de sua Sinfonia n° 101 em ré maior, conhecida como “O Relógio”. Talvez, essa seja a única referência verdadeira de Haydn em toda obra.
Dario Rodrigues Silva